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segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Principais Conceitos da Psicoterapia Breve



Experiência Emocional Corretiva
A Experiência Emocional Corretiva é uma experiência global, completa, que envolve aspectos cognitivos, emocionais, volitivos e motores.
"...não se deve considerar essa experiência como puramente emocional ou como um insight intelectual, para não se afirmar uma possibilidade fenomenológica, que seria a do fracionamento do indivíduo, já que o modo como ele se relaciona com o mundo é sempre de uma forma global. A EEC é uma experiência completa, tanto cognitiva, como emocional, volitiva e motora". (Lemgruber, V., 1997b,pg 11)
A Experiência Emocional Corretiva visa a possibilitar que os conflitos antigos, não resolvidos, surjam na relação transferencial que se estabelece no tratamento, permitindo que a diferença entre as reações atuais do terapeuta e as reações das figuras parentais na relação primitiva seja o fator preponderante para produzir as mudanças. Em outras palavras, a atitude do terapeuta, mais adequada e mais compreensiva, possibilitando ao paciente revivenciar, dentro do ambiente seguro do relacionamento terapêutico e em circunstâncias favoráveis, situações emocionais difíceis do passado, resulta numa experiência emocional que corrige a experiência primitiva.
"... reexperimentar o passado não resolvido, mas com a possibilidade de um novo final é a chave do resultado terapêutico, acontecendo na situação transferencial ou em sua vida cotidiana, possibilitando a integração dos novos padrões de comportamento em sua personalidade". (Alexander apud Lowenkron, 1993,pg.39)
Aliança Terapêutica
Sobre o conceito de Aliança Terapêutica, não temos a pretensão de fazer mais que tecer algumas considerações gerais, já que se trata de um tema objeto de vasta literatura a respeito. Cordioli ( 1993) define a Aliança Terapêutica como " a capacidade de o paciente estabelecer uma ligação de trabalho com o terapeuta". Freud (1913) destacou que " o primeiro objetivo da terapia é ligar o paciente ao terapeuta". (apud Cordioli, op.cit.). Para Greenson, a origem da Aliança Terapêutica estaria na motivação e na disposição racional do paciente em colaborar e na sua capacidade de participar ativamente do tratamento.
Diversos outros autores se estendem sobre o tema, estabelecendo considerações sobre aliança de trabalho, transferência, contratransferência, relação real, todos conceitos ligados ao de Aliança Terapêutica, que não nos cabe aqui aprofundar. Preferimos apresentar sua relação mais íntima com a Psicoterapia Breve, mostrando que, pelas próprias características da técnica, ela favorece o estabelecimento de uma boa Aliança Terapêutica.
Inicialmente, a fase de avaliação, quando se pretende obter dados do paciente para o estabelecimento de um diagnóstico e a formulação do planejamento terapêutico, exige uma participação ativa do terapeuta que permite ao paciente ser acolhido, compreendido e aceito. Na formulação do contrato terapêutico, quando são discutidos com o paciente o foco a ser trabalhado e os objetivos do tratamento, ele é colocado numa posição participativa e menos indefesa. E, por último, já que a técnica é indicada para pacientes com alta motivação para o tratamento, boa estrutura de ego e capacidade de estabelecer relações significativas, os pacientes que preenchem os critérios de seleção para a Psicoterapia Breve são os que têm as condições básicas para o desenvolvimento de uma boa Aliança Terapêutica..
Foco
Outro conceito importante para a Psicoterapia Breve é o de Foco, que foi definido por Malan "como o ponto de convergência das atenções do terapeuta" ( apud Lemgruber,V., 1997b,pg 22), ou seja, o tema central sobre o qual deve-se concentrar o trabalho terapêutico.
Para Sifneos (1989) deve-se " selecionar um foco terapêutico que cristalize os conflitos psicológicos específicos subjacentes ao problema psicológico do paciente, a ser resolvido durante a psicoterapia". (op.cit., pg.60)
Os recursos técnicos utilizados pelo terapeuta para manter o trabalho terapêutico direcionado para o foco são a interpretação, a atenção e a negligência seletivas. Isso significa dizer que é interpretado o material do paciente sempre em relação ao conflito focal, buscando sempre as relações do material apresentado com esse conflito e evitando qualquer outro material que não esteja relacionado com isso, que o terapeuta direciona todo um esforço para o foco a ser trabalhado. Esse foco deve ser estabelecido no início da terapia, depois de discutido e acertado com o paciente.
T. French chamou de "conflito focal o conflito mais superficial e atual em contraste com o conflito nuclear, que seria mais profundo e com origem na infância" (apud Lemgruber, 1997b, pg. 22).
Efeito Carambola
Cabe ressaltar o conceito de "efeito carambola", introduzido por Lemgruber, V. (1995), como "o mecanismo de potencialização dos ganhos terapêuticos por meio da técnica focal" ( op. cit, pg 23). Se o conflito nuclear estiver contido no conflito focal, este, ao ser resolvido, permitirá uma repercussão no conflito primário que possibilitará mudanças mais profundas. O efeito carambola é o mecanismo que possibilita a irradiação dos resultados obtidos através da psicoterapia focal permitindo a sua potencialização para outras áreas. O termo "Efeito Carambola" foi inspirado, segundo sua autora Lemgruber, V., no movimento que ocorre no jogo de bilhar quando uma tacada bem direcionada acerta uma bola que em consequência atinge outras, provocando o seu deslocamento sem que tenham sido tocadas diretamente pelo taco. Em outras palavras, o foco bem direcionado representa essa bola inicial, que bem trabalhado terapeuticamente potencializa, como consequência, resultados em outras áreas.
Atividade e Planejamento
No que se refere à Atividade e ao Planejamento, componentes básicos dessa técnica, podemos ressaltar o alto nível de atividade do terapeuta e a sua posição face a face com o paciente, impedindo, assim, o desenvolvimento da neurose de transferência e propiciando o máximo possível a ocorrência de Experiência Emocional Corretiva. O Planejamento deve ser flexível permitindo-se adequá-lo à dinâmica do tratamento.

Gleidson Marques Silva 13/3886

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