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domingo, 24 de agosto de 2008

APOIO PSICOLÓGICO BREVE/ACONSELHAMENTO.


O apoio psicológico breve distingue-se da psicoterapia quanto ao tempo, à intervenção e aos objetivos. São formas distintas de atuação, que não faz de uma ou outra mais eficaz. Caso a resposta-padrão do psicólogo seja psicoterapia, como tem sido sua especialização no consultório, parece não haver como responder à demanda que lhe é feita naquele preciso momento e por aquela pessoa no contexto institucional. Em síntese, o apoio psicológico breve e focal é um modelo de apoio alternativo no âmbito das instituições.
A proposta da clínica breve denomina-se de diferentes formas: psicoterapia breve, psicoterapia focal, psicoterapia de apoio, psicoterapia de intervenção em crise e ou aconselhamento psicológico. Cada denominação tem especificidades próprias, modelos, concepções e realidades diferentes.
A prática do acompanhamento psicológico breve, na sua vasta literatura, indica entre 10 e 20 sessões de acompanhamento individual como um número pragmático e ideal.O caráter breve desta intervenção não se deve a impossibilidades de tempo e investimentos. Trata-se de questão técnica e de concepção de uma intervenção.
As psicoterapias breves têm uma nítida definição dos objetivos a serem alcançados num certo intervalo de tempo. No acompanhamento breve cria-se condições para que a pessoa lide com suas dificuldades específicas no momento presente. De tal forma, existe um tema em questão, um contrato de trabalho e uma atenção especificamente voltada para tal. Isso não significa o abandono de outras questões que podem ser introduzidas, quando ligadas ao tema. A elaboração do foco configura-se como ponto fundamental neste enfoque.
Diante de uma ansiedade circunstancial, normalmente o sujeito não encontra um espaço para ser acolhido e ajudado a lidar melhor com suas limitações, e utilizar seus recursos internos na resolução de suas conflitos psíquicos. A escuta empática possibilita ao sujeito ver o problema com mais clareza, entender as coisas em suas proporções corretas; e explorar possíveis respostas, aprendendo como superar as causas das vivências angustiantes.
É importante assinalar que algumas pessoas são mais beneficiadas com a intervenção breve do que outras. Para Ponciano-Ribeiro(1996), existem condições específicas, cuja incidência faz com que a indicação para uma psicoterapia de breve duração esteja certamente prejudicada, como pessoas com pouca capacidade egóica, em estado de muita confusão mental, com dificuldade de se perceber individualizado. Em casos de psicopatologias graves, pouca afetividade e limitação intelectual grave o trabalho psicológico breve torna-se pouco efetivo.
Existem pessoas que estão diretamente indicadas para intervenção de curta duração: pessoas com percepção clara de que precisam mudar, com dificuldade de decisão e não sabem que caminho seguir; pessoas que sofreram mudanças rápidas em suas vidas e não sabem como se organizar, pessoas com planos inadiáveis e que se encontram indecisas. Pessoas que se encontram em situação de estresse, de culpa acentuada, de impotência, cujas vidas estão sofrendo prejuízo considerável e não têm recursos internos para se livrar sozinhas de suas crises.
Quando há indicação para o apoio psicológico de curta duração, o sujeito apresenta um problema específico a ser abordado. Há uma situação concreta que pede urgência de solução, um sintoma que se revela intenso e a vontade explicita de alguém que necessita de ajuda. A partir daí, propõe-se apoio psicológico para lidar com uma questão específica que envolve tempo delimitado e disponibilidade do sujeito.



ABORDAGEM CENTRADA NA PESSOA (ACP)



Este tipo de apoio psicológico é dentro de uma perspectiva da abordagem humanista fenomenológica-existencial de Rogers -Segundo Hall (1984) as teorias humanistas opõem-se ao pessimismo psicanalítico e ao mecanicismo comportamental, já que acredita no potencial criativo e saudável de cada pessoa. Ressaltamos que a orientação humanista não faz classificações psicológicas – diagnósticos- como pré-requisito para atendimento psicológico.
Podemos afirmar que a máxima desta abordagem é “ajudar o sujeito a se ajudar”. A atitude do profissional não é de impingir suas teorias e terapia. É um convite! O convite para que o indivíduo aceite o primeiro passo: conscientizar-se da necessidade da ajuda psicológica. Tal necessidade não diz respeito apenas a tratamento para um sujeito “doente”, e sim ao desenvolvimento pessoal. Nesta abordagem, não por acaso o psicólogo é denominado facilitador ou ajudador em vez de (psico) terapeuta.
Para Rogers (1987), a escuta empática tem o efeito de facilitar o crescimento pessoal e propiciar mudanças. O psicólogo facilita no processo psicológico na medida em que o próprio sujeito possa lidar com sua problemática existencial. Trata-se, assim, de uma “relação de ajuda”. O crescimento pessoal do ajudado não é função da abordagem teórica utilizada na psicoterapia, mas sim função de determinadas atitudes assumidas pelo psicoterapeuta no processo de ajuda: empatia, aceitação incondicional e congruência.
O uso do termo ”pessoa” por Rogers era proposital, e designava uma postura contra o entendimento da pessoa que procura ajuda psicológica como sendo “doente”, “paciente”, “analisando” ou “aconselhado”. A expressão “cliente” não implica passividade, mas “alguém que ativa e voluntariamente busca ajuda para resolver um problema, sem renunciar a própria responsabilidade da situação.
Vale assinalar, contudo, que Rogers sabia que qualquer forma de psicoterapia tinha condições potenciais em ser bem sucedida. Esta conclusão de Rogers reside no fato de que o sucesso de qualquer intervenção psicológica não estava tanto em seus diferentes pressupostos teóricos, mas na habilidade do psicoterapeuta em seguir os caminhos mais apropriados para a condução do processo, que emanavam da própria pessoa.
A Abordagem Centrada na Pessoa (ACP) acredita que um número pequeno de encontros ou até mesmo um único tem função terapêutica, permitindo que o cliente se organize internamente (Rosemberg, 1987). A presença facilitadora e empática do ajudador é a condição para isso. O sucesso deste atendimento depende prioritariamente do encontro dialógico entre cliente e ajudador.
A Abordagem Centrada na Pessoa posiciona-se contra métodos diretivos em psicologia, como a prática de dar conselhos por exemplo. Quando o psicólogo define os rumos de uma sessão psicológica está inibindo a expressão livre, fora do território marcado pela psicologia. Por isso a ACP é fortemente não-diretiva; deixando que o foco do processo parta do ajudado. Podemos perceber a postura da orientação humanista-existencial na fala do psicoterapeuta Ponciano-Ribeiro:
Estamos pensando um sistema de psicoterapia no qual, de um lado, a pessoa possa se sentir inteira, co-participando de seu processo, usufruindo de sua liberdade de ação e de decisão, e, do outro, que o psicoterapeuta esteja inteiro na relação sem perder seus referenciais teóricos sendo ativo sem ser intruso, sendo direto sem ser autoritário, sendo presente sem ser sufocante, estando atento a experiência imediata sem impor nada, confrontando sem tirar a liberdade do outro de decidir. (Ponciano-Ribeiro,1999, p.20.)


ACONSELHAMENTO



O acompanhamento psicológico não se pauta em dizer ao cliente o que fazer, mas em ajudar a descobrir por si mesmo a melhor forma de lidar com as próprias dificuldades. O psicólogo facilita a compreensão do sujeito como se ele estivesse se vendo através de um espelho. A tomada de consciência permite ao sujeito reformular pensamentos e sentimentos.

O aconselhamento é definido como uma intervenção de caráter preventivo ou de apoio, e de caráter situacional. A relação no âmbito do aconselhamento caracteriza-se por uma menor intensidade de expressão emocional e maior ênfase nos aspectos cognitivos, utilizando informações específicas e sugestões. O aconselhador desempenha a função de dar suporte às questões circunstanciais, como por exemplo: planejamento de programas acadêmicos, orientação vocacional, recolocação profissional, orientação de pais, orientação para planejamento de atividades profissionais e/ou pessoais, auxílio na readaptação após alguma mudança na vida. Outra distinção diz respeito ao programa de trabalho – duração do processo, menor freqüência de contatos, menor ênfase na história pessoal da pessoa, maior foco nos aspectos relacionados ao desempenho de papéis nas diferentes situações da vida, maior centralização na discussão factual de problemas e de dados objetivos. A prática do aconselhamento é mais comumente realizada em instituições – escolas; universidades; centros de orientação familiar, vocacional e profissional; hospitais e clínicas, embora seja também oferecido, em menor escala, em consultório particular. Os profissionais que atuam nessa área são, em geral, terapeutas ocupacionais, padres, pastores, pedagogos, fisioterapeutas, orientadores educacionais, assistentes sociais, psicólogos escolares. Porém, eventualmente, médicos e psicólogos clínicos podem atuar nessa perspectiva. Deve-se considerar que, em certa medida, a psicoterapia e o aconselhamento podem apresentar algum grau de ambigüidade. Nos dois campos de atuação subentende-se a existência de uma relação de ajuda, portanto, terapêutica. Conforme a American Psychological Association “o aconselhamento diferencia-se da psicoterapia pela sua centralização (...) nos planos que devem ser postos em prática pelo indivíduo no sentido de desempenhar um papel social produtivo.”

BIBLIOGRAFIA:

HALL, Calvin. Teorias da Personalidade. São Paulo: EPU, 1984.

MIRANDA, Clara Feldman. Construindo a relação de ajuda. Belo Horizonte: Crescer, 1999.

RIBEIRO, Ponciano-Ribeiro. Gestalt-Terapia de Curta Duração. São Paulo: Summus,1999.

ROGERS, Carl. Torna-se pessoa. São Paulo: Martins Fontes, 1987.

ROSEMBERG, Rachel Lea.(org.) Aconselhamento Psicológico centrado na Pessoa. São Paulo: EPU, 1987.

RUDIO, Franz Victor. Orientação não-diretiva na educação, no aconselhamento na psicoterapia. Petrópolis: Vozes, 1999.


Gleidson Marques Silva CPR 13/3886

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