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segunda-feira, 30 de maio de 2011

Diabetes e Emoções!!!

A Diabetes mellitus, aportuguezada para Diabetes Mellito e agora só Diabete, é um distúrbio do metabolismo que afeta primeiramente os açúcares (glicose e outros), mas que também tem repercussões importantes sobre o metabolismo das gorduras (lípides) e das proteínas. Muita gente pensa que diabetes é apenas um probleminha de açúcar alto no sangue. Infelizmente, não é bem assim.

A Diabete é uma doença que, hoje em dia, oferece boas possibilidades de controle, porém, se não for bem controlada, acaba produzindo lesões graves e potencialmente fatais, tais como o infarto do miocárdio, derrame cerebral, cegueira, impotência, nefropatia, úlcera nas pernas e até amputações de membros. Por outro lado, felizmente, quando bem controlada, as complicações crônicas podem ser evitadas e o paciente diabético pode ter uma qualidade de vida normal.

A causa dessa grave alteração do metabolismo dos açúcares na diabetes é conseqüência da produção e secreção insuficiente de insulina pelo pâncreas. A insulina é um hormônio que se encarrega de reduzir os níveis de glicose no sangue, é sintetizada no pâncreas por uma estrutura que se chama Ilhota de Langerhans. A causa da falência na produção ou no modo de atuação desse hormônio não é bem conhecida ainda, mas já se sabe que existem implicações genético-hereditários.

Pãncreas A importância dos fatores hereditários foi suspeitada em estudos com gêmeos idênticos e com a árvore genealógica de pacientes com diabetes. Descobriram que a hereditariedade é um fator importante em ambos os tipos de diabetes. No diabetes tipo 1, há cerca de 50% de probabilidade de o segundo gêmeo vir a desenvolver essa condição, se o primeiro gêmeo já a tiver. Um filho de pai diabético tem 5% de probabilidade de desenvolver a doença. No caso da diabetes tipo 2, se um dos gêmeos idênticos aparecer com a doença, é virtualmente certo que ela vai também se manifestar no outro gêmeo.

Depressão e Diabete
Segundo o Dr. Marcio Versiani (citado por Sandra Malafaia), existem várias explicações para essa freqüente associação entre as duas patologias. Para ele, 20% da população em geral apresentam Depressão e os pacientes diabéticos têm ainda maior chance, pois o Diabete mexe com o equilíbrio hormonal podendo causar um estado depressivo. Em situações de estresse, também há um aumento na secreção de alguns hormônios, principalmente o cortisol, que age contra a insulina e ajuda a manifestar o diabetes (veja Suprarrenal e Estresse na seção Psicossomática).

A prevalência de Depressão em portadores de Diabete é cerca de 2 a 4 vezes maior que na população geral, podendo afetar até 30% dos diabéticos e uma metanálise confirmou o risco duplicado de Depressão em diabéticos, além de demonstrar que mulheres diabéticas têm um risco maior de depressão (28%) que homens diabéticos (18%) (Anderson e cols. 2003). Outros fatores de risco descritos são o estado civil solteiro, o menor nível educacional e dificuldades financeiras.

Pâncreas 2 De fato, a Depressão no paciente diabético parece ser uma condição prevalente e universal. A etiologia e fisiopatologia dessa comorbidade permanecem ainda desconhecidas, mas provavelmente, trata-se de uma condição bastante complexa. Existem fatores biológicos, genéticos e psicológicos envolvidos nessa questão. Foram identificadas diversas anormalidades neuroendócrinas e de neurotransmissores comuns à Depressão e a Diabete, transformando a Depressão em um potencial agente interativo com a diabetes em múltiplos níveis (Lustman et al, 2000).

Em termos práticos, é importante saber que as pessoas que tem diabetes e também são deprimidas sofrem muito mais do que as que têm apenas Diabete. Com a Depressão a qualidade de vida piora muito, os custos médicos bem mais elevados e há maiores possibilidade de complicações do diabetes, notadamente das doenças cardíacas.

Embora os dados na literatura sejam controversos, estudos recentes mostram que a Depressão agrava o curso da Diabete em vários aspectos. No paciente deprimido há, por exemplo, um pior controle da dieta, do uso da medicação, dos cuidados gerais cotidianos, levando a uma piora da qualidade de vida e da evolução da doença. Por outro lado, inversamente, o controle irregular da Diabete pode agravar a Depressão e prejudicar a resposta aos tratamentos antidepressivos (Lustman e Clouse 2005). Estudos sobre disfunção cognitiva em diabéticos controlados e não-controlados sugerem que os pacientes com bom controle glicêmico têm um risco menor para desenvolver déficits cognitivos ao longo do envelhecimento.

Conforme estudou Clouse (2003), constata-se que os efeitos protetores contra a doença coronariana naturais do sexo feminino, são diminuídos ou praticamente anulados na presença do Diabete. A incidência em dobro da Depressão nas pacientes diabéticas explicariam a altíssima prevalência de coronariopatias em mulheres com Diabete.

Há, sem dúvida, uma interação psicológica e comportamental entre o Diabete e a Depressão, e ambos passam a ser de controle mais difícil, aumentando os riscos das duas doenças. As complicações da Diabete dizem respeito aos problemas cardiovasculares, retinopatia diabética levando a cegueira, neuropatia, e a outras. Um dos inconvenientes de não se tratar a Depressão do diabético é o sintoma do desencantamento para com a vida, proporcionando assim uma baixa aderência ao tratamento do Diabete, controle inadequado dos níveis de açúcar no sangue, bebidas em excesso e aumento do risco de complicações da doença.

O início mais precoce da Diabete e o mau controle da glicemia aumentam o risco de Depressão e doença cerebrovascular levando a um impacto nas funções cognitivas com maior risco de declínio cognitivo ao envelhecer (Awad e cols. 2004).

Em nosso meio, Martins e cols (2002) estudaram a prevalência de Depressão em mulheres diabéticas na pós-menopausa em hospital do Rio Grande do Sul. Comparando 80 mulheres com diabetes e 45 mulheres sadias através do questionário de depressão de Beck, observaram que as mulheres diabéticas tinham uma prevalência 2,4 vezes maior de Depressão em comparação com as não diabéticas. Subdividindo o grupo das diabéticas naquelas com e sem Depressão, constataram que aquelas com Depressão apresentavam um pior controle do quadro de Diabete, com elevação de glicemia de jejum e de hemoglobina glicosilada.

Ricco e cols. avaliaram em 2000 a prevalência de Depressão em portadores de Diabete e hepatites virais de ambulatórios da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto, SP. Usando o questionário de Beck, encontraram sintomas de Depressão em 68% dos diabéticos e em 31% dos portadores de hepatites virais. Gilmer e cols. (2005) estudaram o impacto de doenças cardiovasculares, hipertensão arterial, depressão e valor da hemoglobina glicosilada (HbA1c) no custo do tratamento da Diabete.

Incidência de Depressão e Ansiedade na Diabete
A literatura existente sugere que Transtornos de Ansiedade estão associados com o hiperglicemia em pacientes diabéticos, tipo 1 ou 2, em 12 estudos de uma meta-análise realizada por Anderson e col. (2002). Dezoito estudos que envolveram uma população de 2584 diabéticos e 1492 sem diabetes encontraram 14% de ansiedade em não diabéticos contra 40% nos diabéticos (Grigsby, 2002).

Outra meta-análise realizada por de Groot em 2001, verificou que a Depressão foi associada significativamente com uma variedade de complicações da Diabete, tais como, a retinopatia diabética, nefropatia, neuropatia, complicações macrovascular e disfunção sexual, portanto, constatando uma associação significativa e consistente de complicações da Diabete e de sintomas depressivos.

No estudo de Anderson (2001) também se constata que a probabilidades de Depressão no grupo diabético foi duas vezes maior que aquela do grupo não-diabético. A prevalência de Depressão como comorbidade foi significativamente mais elevado nas mulheres diabéticas (28%) do que nos homens diabéticos (18%). Concluíram que a presença de Diabete dobra as probabilidades de Depressão. Igual resultado, mostrando que a Depressão é associada à hiperglicemia nos pacientes com diabetes tipo 1 ou tipo 2 foi confirmada por Lustman e cols. em 2000.

Segundo ainda Lustman e cols, em outro trabalho (1997), o Transtorno Depressivo estava presente em 15% a 20% dos pacientes com Diabete. Confirmando o curso da doença diabética, mesmo após o tratamento bem sucedido para depressão, e a Depressão apresenta recorrência em 80% desses casos.

Alguns Agravantes da Depressão e da Diabete
O diagnóstico de Depressão no paciente diabético é dificultado pela presença de vários sintomas físicos decorrentes do diabetes, os quais também podem ser indicativos de depressão. A perda de peso, as modificações do apetite, diminuição da libido e outros, são sintomas que podem ser referidos pelo paciente diabético sem que, necessariamente, ele esteja deprimido. Dessa forma, o exame clínico deve se concentrar nas queixas psíquicas, tais como, tristeza, desesperança, perda do prazer, sentimentos de culpa, autodepreciação, apatia, desinteresse, desânimo.

Primeiramente, a possibilidade de Depressão no paciente diabético não foge às regras da possibilidade de Depressão em outras pessoas não diabéticas, ou seja, devemos contar com o elemento constitucional e hereditário.

Em segundo, a própria situação existencial de uma pessoa que sofre uma doença crônica, algo limitante, é um fator facilitador para o estado depressivo. Essa situação existencial do diabético propensa à Depressão varia na medida das limitações impostas pela doença e, mais importante, agrava-se na proporção das complicações típicas da Diabete, como por exemplo, o comprometimento visual, renal, circulatório, etc.

Um dos atenuantes, entretanto, também é a maneira como médico aborda o paciente e conduz seu tratamento. Proporcionar condutas alternativas que minimizem as limitações, programas para melhoria da qualidade de vida, controle assíduo, explanações otimistas, terapias de grupo e vigilância continuada no controle da Depressão.

Lin e cols. (2004) fizeram um levantamento através de questionário sobre a influência de Depressão nos cuidados que o paciente tem com sua Diabete. Houve uma associação entre a Depressão e diminuição da atividade fisica, descuido com a dieta e menor adesão aos tratamentos medicamentosos com antidiabéticos orais, anti-hipertensivos e redutores de colesterol. Os autores concluem que os pacientes diabéticos e deprimidos apresentam menor iniciativa para cuidar corretamente de sua doença, negligenciando na adesão aos cuidados gerais de saúde e ao tratamento medicamentoso.

Fisiopatologia
A via fisiológica final e comum entre Diabete e Depressão seria o eixo hipotálamo-hipófise-supra-renal, o qual estaria muito sensível na resposta do organismo ao estresse, com aumento de liberação de glicocorticóides, catecolaminas e hormônio do crescimento e glucagon, os quais se contrapõem à ação da insulina. Haveria um estado de hiperglicemia induzido por esses fatores (Musselman e cols. 2003). O aumento do cortisol relacionado à depressão poderia ainda induzir à obesidade abdominal e à síndrome metabólica, fatores de risco para o diabetes (Brown e cols. 2004). Prestele e cols. (2003) aventam a hipótese de que a normalização do eixo hipotálamo-hipófise-supra-renal levaria à melhora dos sintomas depressivos e da Diabete.

Estudos de neuroimagem funcional demonstram que os pacientes com Depressão apresentam alterações no transporte de glicose no cérebro, levando a um prejuízo da entrada de glicose nas células (Musselman e cols. 2003). Estes e outros estudos demonstram que a depressão não é apenas uma conseqüência psicológica do diabetes, mas tem em comum com esta algumas alterações metabólicas relacionadas ao complexo metabolismo da glicose.

Tratamento de Manutenção
Os pacientes diabéticos e depressivos necessitam de tratamento continuado tanto para uma patologia quanto para outra. Lustman (1997) acompanhou por 5 anos 25 pacientes diabéticos, os quais tinham sido submetidos a um tratamento antidepressivo durante 8 semanas e considerados bem, segundo critérios do DSM-III-R, e uma escala da severidade do depressão.

Piette e cols. (2004) estudaram as necessidades de tratamento de portadores de Diabete com Depressão. Salientam que é necessário um monitoramento ativo de sintomas depressivos nesses pacientes, já que eles podem não distinguir sintomas depressivos de sintomas de Diabete.

Além disso, consideram importante conciliar o tratamento da depressão com o da Diabete, incluindo medidas de terapia cognitivo- comportamental, tanto para a Depressão como para a Diabete, de modo a melhorar tanto o quadro depressivo, como a Diabete. Atividade fisica deve ser incentivada, pois promove tanto a melhora do quadro depressivo, como auxilia na estabilização do quadro metabólico.

Houve recorrência da Depressão em 92% dos pacientes, com uma média de 4,8 episódios depressivos neste período de 5 anos. Nenhum deles havia tomado medicação de manutenção profilática, daí a necessidade de tratamento de manutenção e continuado.

Para referir:
Ballone GJ - Diabetes e Depressão.

Gleidson Marques Silva
Psicólogo/Psicoterapêuta
CRP 13/3886

segunda-feira, 16 de maio de 2011

A busca pela felicidade!!!!!!

Constantemente são lançadas pesquisas sobre índices de violência, de insegurança, de morte, de vida. No entanto, pouco se comenta sobre a felicidade. Falar sobre felicidade parece que saiu de moda. O escritor e psicólogo americano Robert Wright, em um artigo para a Revista Americana Time, escreveu que a leis que governam a felicidade não foram desenhadas para nosso bem-estar psicológico, mas para aumentar as chances de sobrevivência dos nossos genes a longo prazo.
Buscar a felicidade tem sido a meta de quase a metade da população do mundo e nos últimos anos cada vez mais pesquisadores tem se debruçado na busca desse combustível que move a humanidade. Encaminhei um e-mail da minha caixa postal para 205 pessoas perguntando o que é felicidade? O que elas fazem para ser feliz? As respostas foram as mais variadas possíveis.
O dicionário eletrônico Aurélio define a felicidade como uma qualidade ou estado de quem é feliz. Significa ter bom êxito, boa fortuna; dita, sorte. Na opinião do administrador de empresas, Carlos Fernando Farias, casado, pai de dois filhos, a felicidade é viver equilibradamente com Deus, a família e os amigos. “Adoro a Deus, dedico-me a minha família e amigos, preservo a minha saúde e a de meus filhos e procuro desenvolver o meu trabalho com criatividade, responsabilidade e profissionalismo”, comentou.
A felicidade força a estudar, trabalhar, ter fé, construir casas, realizar coisas, juntar dinheiro, gastar dinheiro, fazer amigos, brigar, casar, separar, ter filhos e depois protegê-los. Ela nos convence de que cada uma dessas conquistas é a coisa mais importante do mundo e nos dá disposição para lutar por elas. Mas tudo isso é ilusão. A cada vitória surge uma nova necessidade.
“A felicidade é um truque” disse a catadora de papel Guilhermina Silva. Se ela é um truque nos temos levado esse truque muito a sério. Vivemos uma época em que ser feliz é uma obrigação. As pessoas tristes são vistas como indesejadas, como fracassadas completas. A doença do momento é a depressão.
O escritor francês Pascal Brucker, autor do livro “A Euforia Perpétua” (Difel, Rio de Janeiro, 2002, R$ 32,00) diz que a depressão é o mal de uma sociedade que decidiu ser feliz a todo preço. “Muitos de nós estão fazendo força demais para demonstrar felicidade aos outros e sofrendo por dentro por causa disso. Felicidade está virando um peso: uma fonte terrível de ansiedade”, diz ele.
De acordo com o psicólogo Gleidson Marques a felicidade é algo extremamente subjetivo, é algo que varia de pessoa para pessoa e até de posição social e econômica. “A pessoa consegue ser feliz quando ela pára e percebe o que quer deseja para vida dela”, comentou.
O assunto até bem pouco tempo era desprezado pelos cientistas. Mas, na última década, um número cada vez maior deles, alguns influenciados pelas idéias de religiosos e filósofos, tem se esforçado para decifrar os segredos da felicidade. A idéia é finalmente desmascarar esse truque da natureza. Entender o que nos torna mais ou menos felizes e qual é a forma ideal de lidar com a ansiedade que essa busca infinita causa.
Prazer, engajamento e significado
No website da Universidade da Pensilvânia (http://www.upenn.edu), o psicólogo americano Martin Seligman, desenvolve há alguns anos uma pesquisa sobre o assunto e diz que a felicidade é na verdade a soma de três coisas diferentes: prazer, engajamento e significado.
Prazer, de acordo com o Aurélio, é uma sensação ou sentimento agradável, harmonioso, que atende a uma inclinação vital; alegria, contentamento, satisfação, deleite. É uma sensação que costuma tomar conta de nosso corpo quando dançamos uma música boa, ouvimos uma piada engraçada, conversamos com um bom amigo, fazemos sexo ou comemos chocolate.
O escritor e professor universitário Rinaldo Fernandes disse que felicidade é escrever, é encontrar a palavra certa da frase. “Melhor do que escrever só o ato sexual, talvez a mais importante forma de êxtase e prazer que existe”, acrescentou. Um jeito fácil de reconhecer se alguém está tendo prazer é procurar em seu rosto por um sorriso e por olhos brilhantes.
Engajar-se consiste em empenhar-se em uma determinada atividade ou empreendimento. O engajamento é a profundidade de envolvimento entre a pessoa e sua vida. Um sujeito engajado é aquele que está absorvido pelo que faz, que participa ativamente da vida. E, finalmente, significado é a sensação de que nossa vida faz parte de algo maior.
“Buscar a felicidade é uma meta meio vaga, fica difícil até de saber por onde começar. Mas, se você se conscientizar de que basta juntar essas três coisas – prazer, engajamento e significado – para a felicidade vir de brinde, a tarefa torna-se menos penosa”, garante o psicólogo americano Martin Seligman.
Seligman em seus estudos acrescenta ainda que um dos maiores erros das sociedades ocidentais contemporâneas é concentrar a busca da felicidade em apenas um dos três pilares, esquecendo os outros. E geralmente escolhemos justo o mais fraquinho deles: o prazer. “Engajamento e significado são muito mais importantes”, disse ele numa entrevista à Time.
Algumas pessoas são capazes de se engajar em tudo: entram de cabeça nos romances, doa-se ao trabalho, dão tudo de si a todo o momento. Isso é raro e nem sempre é bom (inclusive porque gente engajada demais tende a negligenciar outros aspectos da vida, em especial o prazer). Ninguém precisa ir tão longe, mas o esforço de estar atento ao mundo, participando da vida, vale a pena.
Felicidade e o cérebro
Os Estados Unidos é o único lugar do mundo em que existe verba suficiente para fazer e mandar desfazer qualquer tipo de pesquisa sobre o comportamento da humanidade e sua evolução. Há cinco anos, por exemplo, o pesquisador Mihaly Csikszentmihalyi (pronuncie “txicsentmirrái”), da Universidade de Chicago (http://beta.uchicago.edu/), estuda um fenômeno cerebral chamado “fluxo”, que ocorre quando o engajamento numa atividade torna-se tão intenso que dá aquela sensação boa de estar completamente absorto, a ponto de esquecer do mundo e perder a noção do tempo, ou seja, é um estado de alegria quase perfeita. Esse fenômeno acontece com monges em estado de meditação, mas também em situações muito mais comuns, como ao tocar um instrumento, andar de bicicleta ou até mesmo ao consertar a estante da casa.
Um outro pesquisador, o americano Richard Davidson, da Universidade de Wisconsin (http://www.sk.com.br/sk-uwsp.html), observou em laboratório que as pessoas em estado de fluxo ativam uma região do cérebro chamada córtex pré-frontal esquerdo, o que pode ter uma série de efeitos no organismo, inclusive um melhor funcionamento do sistema imunológico. Ao longo de um estudo realizado na Holanda, pessoas que entraram em fluxo tiveram seu risco de morte reduzido em 50%, por reagirem melhor a doenças.
E como se entra no tal fluxo? Csikszentmihalyi afirma que o segredo é buscar atividades nas quais se possa usar todo o seu talento. Tem de ser um desafio não muito fácil a ponto de ser entediante, nem tão difícil que se torne frustrante. Procurar experiências desse tipo é recompensador e traz níveis bem altos de felicidade. Claro que infelizmente nem todo mundo tem a sorte de encontrar desafios assim no trabalho. Nesse caso, um hobby pode ajudar na busca por engajamento e por momentos de fluxo – pode tanto ser uma atividade manual ou intelectual quanto um esporte.
Infelicidade
É quase impossível falar da felicidade sem remete ao seu contrário, ou seja, a infelicidade. De acordo com o Aurélio, a infelicidade é a qualidade ou o estado de infeliz, está ligada também a desgraça, ao infortúnio.
Ser infeliz também é uma opção de vida, como também não se escolhe daqui para frente serei infeliz, até porque ninguém deseja a infelicidade. Assim como a felicidade, a infelicidade não há respostas concretas, mas existem pequenas pistas que leva até ela. O filósofo grego Aristóteles afirmava, há mais de dois mil anos, que a felicidade se atinge pelo exercício da virtude e não da posse.
Hoje encontramos toneladas de livros e revistas de auto-ajuda ensinando ou dando dicas de como ser feliz. São testes e mais testes engajados sobre o assunto. Todos numa tentativa de fazer marketing com a felicidade.
Uma das causas da infelicidade, de acordo com alguns estudos, é a depressão. Em artigo publicado no British Medical Journal, professor Gordon Parker chama a depressão de diagnóstico que “engloba tudo”, difundido por estratégias de marketing.
Cerca de um em cada cinco adultos é diagnosticado com depressão em, algum momento da vida. Em países como a Grã-Bretanha, os custos com a perda de produtividade e tratamento da doença é estimado em bilhões de dólares.
“O que acontece é que o ser humano pensa muito negativo sobre o mundo e sobre si mesmo”, avaliou Gleidson Marques que recebe diariamente em seu consultório pessoas com depressão. É a tríade cognitiva, diz ele: se penso negativo, vou atraiu coisas negativas e ter sensações negativas.
Para Marques a maior dificuldade do ser humano é párar e olhar para dentro de si mesmo. A vida está tão corrida que poucos param para saber o que realmente desejam. “A felicidade acaba se tornando clandestina. Porque as pessoas terminam entrando na convenção daquilo que outros nos coloca e não naquilo que realmente quero”, avaliou.
Religião e felicidade
Então quer dizer que para ser feliz basta juntar prazer, engajamento e significado e nossa vida se resolve para sempre? Se a fórmula fosse assim tão simples seria uma maravilha. A felicidade, como não cansam de repetir os poetas e os chatos, é breve. Ainda bem. Felicidade, por definição, é um estado no qual não temos vontade de mudar nada. Ou seja, se passássemos tempo demais assim, nossas vidas estacionariam.
A busca da felicidade é o que nos empurra para a frente. “Felicidade é projetada para evaporar”, escreveu Robert Wright. E, segundo ele, há uma razão evolutiva para isso também: “Se a alegria que vem após o sexo não acabasse nunca, então os animais copulariam apenas uma vez na vida”. Mora aí um dos grandes problemas atuais. Muita gente acredita que é possível viver uma existência só de altos, sem nenhum ponto baixo, sem tristeza, sem sofrimento. E alguns estão dispostos a conseguir isso sem esforço algum, só à custa de antidepressivos.
Os religiosos, em especial os budistas, afirmam algo parecido há muito tempo. Um de seus preceitos básicos é o de que “a vida é sofrimento”. Coisa chata, não é? Talvez, mas ter consciência de que o sofrimento é inevitável pode ajudar a trazer felicidade, e certamente diminui a ansiedade. O conselho do Dalai-Lama é que, quando as coisas estiverem mal, em vez de se entregar à infelicidade ou tentar apenas minimizar os sintomas, você respire fundo e tente descobrir o porquê da situação.
De acordo com ele, grande parte da dor é criada por nós mesmos, pela nossa inabilidade de lidar com a tristeza e pela sensação de que somos obrigados a ser sempre felizes. Ao encarar o sofrimento de frente e identificar as suas causas reais, você estará dando um passo na direção do autoconhecimento, o que vai lhe permitir entender quais seus objetivos na vida, quais seus valores.
Há milênios, a humanidade encontra alento na crença de que cada um de nós faz parte de uma ordem maior. Pesquisas mostram que as pessoas religiosas consideram-se, na média, mais felizes que as não-religiosas. Elas também têm menos depressão, menos ansiedade e suicidam-se menos. A crença de que Deus está nos observando, nas palavras do psicólogo e estudioso da religião, Michael McCullough, da Universidade de Miami, é uma espécie de “equivalente em grande escala do pensamento “se eu não conseguir pagar o aluguel, meu pai vai ajudar”, ou seja, é um conforto, uma garantia de que, no final, as injustiças serão corrigidas e nossos esforços, reconhecidos.
No entanto a religião não é a única forma de dar significado à vida. Um truque eficaz para ficar mais feliz é fazer o bem para os outros, pode ser uma vista a um orfanato, ajudar a uma instituição de caridade, dar um presente útil a alguém. E isso não é conversa mole. Seligman mediu em laboratório os efeitos do altruísmo e percebeu que um único ato de bondade pode melhorar efetivamente os níveis de felicidade de uma pessoa por até dois meses.
Cinco atos de bondade por semana turbinaram sensivelmente o astral das cobaias do tal cientista. Também se alcança significado construindo algo que pode sobreviver a você. O exemplo clássico é criar filhos. Uma outra dica é acreditar que sua vida é importante para alguma grande causa: a história, a ciência, a justiça social, a democracia, a liberdade, o progresso, a natureza, ou seja, é útil crer em algo.
Para terminar, há uma regra da qual especialista nenhum discorda: ter amigos (e nem precisam ser muitos) ajuda a ser feliz. Amigos contam pontos nos três critérios: trazem, ao mesmo tempo, prazer, engajamento e significado para nossas vidas.

Por: Adriana Crisanto,Jornalista
Gleidson Marques Silva
Psicólogo/Psicoterapêuta


CRP 13/3886

quinta-feira, 12 de maio de 2011

24 horas para impedir a pena de morte a gays em Uganda!

24 horas para impedir a lei homofóbica de Uganda! 2,000,000
Na foto acima: David Kato, amigo da Avaaz, brutalmente assassinado em Uganda há dois meses.

Já asssinou e quer fazer mais? Role a barra para baixo para ver mais formas de ajudar, e divulgue!

Atualizado em: 9 de maio de 2011
Em 24 horas, o parlamento ugandense pode votar uma nova lei brutal que prevê a pena de morte para a homossexualidade. Milhares de ugandeses podem enfrentar a execução - só por serem gays.

Nós ajudamos a impedir esta lei antes, e podemos fazê-lo novamente. Depois de uma manifestação global massiva no ano passado, o presidente de Uganda, Museveni, bloqueou o progresso da lei. Mas os tumultos políticos estão crescendo em Uganda, e extremistas religiosos no parlamento esperam que a confusão e a violência na rua distraiam a comunidade internacional de uma segunda tentativa de passar esta lei cheia de ódio. Nós podemos mostrar a eles que o mundo ainda está observando. Se bloquearmos o voto por mais dois dias até que o parlamento feche, a lei expirará para sempre.

Não temos tempo a perder. Vamos chegar a um milhão de vozes contra a pena de morte para gays em Uganda nas próximas 24 horas - assine agora e então divulgue a campanha!

Faça mais para ajudar

Se você assinou e divulgou, clique aqui para falar com seu chefe de estado para agir imediatamente para ajudar a impedir a lei homofóbica.


ASSINE JÁ: NESSE ENDEREÇO http://www.avaaz.org/SEJA SOLIDARIO!!!

Gleidson Marques Silva

terça-feira, 10 de maio de 2011

Comunicado do Conselho Federal de Psicologia!!!!!

Boa noite aos Psicólogos de Plantão,vamso cuidar bem de nossa profissão e dos seres -humanos que nos procuram!!!!



Resolução


O Conselho Federal de Psicologia, após manifestações de psicólogos e parlamentares a respeito da conduta de profissionais da psicologia em relação à orientação sexual, propondo terapias de "cura" da homossexualidade, divulgou um comunicado em que reforça a orientação da entidade em proibir ações coercitivas e promover o respeito aos indivíduos homossexuais. Leia o documento na íntegra:

Conselho Federal de Psicologia vem esclarecer alguns pontos importantes relacionados à Resolução CFP No.01/99 que estabeleceu normas de atuação para os psicólogos em relação à questão da orientação sexual.

1. A resolução CFP No.01/99, baseada nos princípios da ética profissional do psicólogo, regulamenta que os psicólogos deverão contribuir com seu conhecimento para o desaparecimento de discriminações e estigmatizações contra aqueles que apresentam comportamentos ou práticas homoeróticas. Neste sentido proíbe os psicólogos de qualquer ação que favoreça a patologização de comportamentos ou práticas homoeróticas e proíbe os psicólogos de adotarem ações coercitivas tendente a orientar homossexuais para tratamentos não solicitados.

2. A resolução impede os psicólogos de colaborarem com eventos ou serviços que proponham tratamentos e cura das homossexualidades, seguindo as normas da Organização Mundial de Saúde e impede que os psicólogos participem e se pronunciem em meios de comunicação de massa de modo a reforçar o preconceito social existente em relação aos homossexuais como portadores de desordem psíquica.

3. A resolução não impede os psicólogos de atenderem pessoas que queiram reduzir seu sofrimento psíquico causado por sua orientação sexual, seja ela homossexual ou heterossexual. A proibição é claramente colocada na adoção de ações coercitivas tendentes à cura e na expressão de concepções que consideram a homossexualidade doença, distúrbio ou perversão.

4. Os psicólogos não podem, por regra ética, recusar atendimento a quem lhes procure em busca de ajuda. Por isso é equivocada qualquer afirmação de que os psicólogos estão proibidos de atenderem homossexuais que busquem seus serviços, incluindo a demanda de atendimentos que possam ter como objeto o desejo do cliente de mudança de orientação sexual, seja ela hetero ou homossexual. No entanto, os psicólogos não podem prometer cura, pois não podem considerar seu cliente doente, ou apresentando distúrbio ou perversão.

5. Por fim, cabe salientar que a ética dos psicólogos é laica e portanto o exercício da profissão não pode ser confundido com crenças religiosas que os psicólogos por ventura professem.

Atenciosamente,
Odair Furtado
Presidente do Conselho Federal de Psicologia
Setembro de 2003

Gleidson Marques Siva
Psicólogo/Psicoterapêuta
CRP 13/3886

Centro de Estudos e Integração Humana em Torre, João Pesoa, Pa - Profissionais de Saúde - Psicólogos | Doutor.biz

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segunda-feira, 9 de maio de 2011

Diagnóstico precoce da esquizofrenia!!!

As características e a intensidade das experiências subjetivas continuam a ser o modo mais eficiente de identificar a patologia
Um dos problemas para tratar pessoas com esquizofrenia é elas não terem consciência de que são acometidas por um distúrbio. A patologia se desenvolve à espreita: despoja o afetado de sua identidade sem que ele se aperceba disso.
Para avançar no tratamento do transtorno seria preciso criar meios para identificá-lo antes desse “roubo de identidade”. Nos últimos anos, houve progressos expressivos no conhecimento das fases que antecedem a manifestação de sintomas. É o caso de organizações como o Portland Identification and Early Referral Program (Pier), nos Estados Unidos, ou o Programa de Intervenção Precoce na Esquizofrenia (Pipe), na Espanha. Mas, para que esses programas sejam eficazes, são necessárias ferramentas de detecção precoce mais precisas que as atuais.

As alterações cognitivas específicas da esquizofrenia ainda são desconhecidas e os instrumentos de avaliação neuropsicológica ainda não são eficientes para identificar a patologia em sua fase inicial. Por isso, presta-se cada vez mais atenção às experiências subjetivas das pessoas afetadas.

Sabe-se que, quando começam os delírios, a pessoa deixa de viver “no mesmo mundo que as outras”. Entretanto, ainda não temos certeza de que tipo de mundo é esse, ou melhor, como os pacientes percebem essas experiências “anormais” que nós, profissionais, chamamos de sintomas. Além do mais, seria possível uma pessoa perceber que vai ter um surto psicótico? Sendo assim, o que se sente exatamente quando se está “perdendo a cabeça”?

Esta área de investigação não é recente. Algumas obras da psiquiatria clássica, em especial os trabalhos de Gaëtan Gatian de Clérambault (1872-1934) e Klaus Conrad (1905-1961), já abordavam esse tema. No entanto, nossos conhecimentos sobre as experiências subjetivas causadas pela esquizofrenia ainda são precários. Nesse sentido, destacam-se os estudos que vêm sendo realizados desde os anos 1960 pela equipe de Gerd Huber, pesquisador da Universidade de Bonn. Com base em detalhadas descrições de casos clínicos, acredita-se que, nas primeiras fases da patologia, algumas experiências de pacientes com esquizofrenia são similares à de pessoas sem o transtorno, mesmo que sejam novas e estranhas para eles, como episódios de angústia intensa e medo de algo não definido.
À medida que a patologia se desenvolve, há um processo de perda de familiaridade com o que acontece ao redor: embora continuem a viver no mesmo mundo dos demais, as pessoas com esquizofrenia, por alguma razão percebem esse mundo como se tratasse de um novo. Começam a repetir as mesmas frases e, com frequência, necessitam escrever os pensamentos para poder “fixá-los”, já que sentem que as palavras lhes escapam. Além disso, passam a fazer atos automáticos de forma consciente – como pensar na maneira de posicionar os braços ou em como balançá-los antes de começar a caminhar – e deixam de assistir à televisão, pois não conseguem apreender imagens e linguagem ao mesmo tempo.

Acredita-se que muitas das experiências subjetivas estão relacionadas às carências cognitivas apresentadas por pessoas com esquizofrenia. Huber chamou essas etapas de “sintomas básicos”; também chegou à conclusão de que representavam a vivência consciente de diversas alterações cognitivas. Tais sintomas são característicos da fase prodrômica (que antecede o desencadeamento da patologia) e da fase residual (em que houve um episódio, mas ainda não há quadro clínico). Como as experiências subjetivas anormais e as deficiências cognitivas podem surgir meses antes dos surtos psicóticos, ambas parecem relevantes para o diagnóstico precoce. Infelizmente, quase meio século depois de Huber iniciar essa linha de investigação, a bibliografia sobre o tema ainda é escassa e contraditória. Espera-se que as novas técnicas de neuroimagem, como as que estudam a conectividade entre o lóbulo frontal e o temporal, ajudem a esclarecer a relação entre ambos. Mas ainda é preciso desenvolver e aperfeiçoar novas e diversas ferramentas de avaliação.

Texto:Rebeca García Neto é neurocientista do Instituto de Neurociência Pediátrica da Universidade de Nova York
Gleidson Marques Silva
Psicólogo/Psicoterapêuta
CRP 13/3886

domingo, 8 de maio de 2011

PARABÉNS TODAS AS MÃES DO BRASIL E DO MUNDO!!!!

Mammas
Mãe, singeleza do meu bem querer
Mãe de todas as mães a Virgem Maria
Mãe que educa, que zela, que nos aconchega
Mãe que é todo os dias de nossas vidas
Mãe dom divino, amiga, colega
Mãe que eu tanto amo
Mãe presente, mãe ausente,
Mãe que está à direita do nosso PAI-DEUS
Mãe que sempre será lembrada
Não somente neste segundo domingo de MAIO
Mas eternamente MÃE!


Bindes Fátima


Nunca esqueça que: "Mãe é aquela pessoa com quem contamos para as coisas que importam acima de tudo."
--Katherine Butler Hathaway
Bom dimingo aos navegantes!!!!Parabéns MAINHA!!!!
Gleidson Marques

sábado, 7 de maio de 2011

A Essência da Vida

bOM DIA!!!
vamos pensar um pouco em nossa existência!!!!!



Se conseguirmos contemplar
o Universo em seu todo;
Se compreendermos
os deslindes do infinito
nos limites além do Ser...

Se entendermos a profundeza
da Verdade infinda,
da Intuição profunda
que num relance
alcança o Reino do Intangível ...
encontraremos
misteriosos mundos
- que pairam além do céu e do mar...

E , nesse encantado espaço
o Amor surgirá
belo, rutilante,
- reflexo da Idéia Eterna
a guiar nossos passos inseguros
- entre o fogo da esperança
e as labaredas de nossas vidas.


A Essência da Vida publicado 16/08/2009 por mirna albuquerque em http://www.webartigos.com

Gleidson Marques Silva
Psicólogo/Psicoterapêuta
CRP 13/3886

quinta-feira, 5 de maio de 2011

O segredo do pensamento positivo !!!!!

Uma atitude positiva faz um bem danado. Mas ninguém consegue ficar rico só com a força do pensamento. Saiba como isso funciona.
Ela se deu bem

Basta ter uma atitude otimista para atrair o que deseja. Dinheiro, amor, saúde, sucesso. Tudo. Qualquer coisa pode estar ao seu alcance se você pensar positivamente, com firmeza, dizem os autores de auto-ajuda. "Aquilo em que você mais pensa ou se concentra se manifestará", garante Rhonda Byrne.

Essa australiana de 52 anos alega ter desenterrado uma verdade preservada a sete chaves por sábios, filósofos, cientistas e gente de sucesso. E revelou sua descoberta no filme O Segredo, que vendeu mais de 2 milhões de cópias em dvd no mundo inteiro. O livro homônimo, lançado por ela, também virou um fenômeno de público, com 6 milhões de exemplares vendidos em apenas um ano.

Byrne resume o que descobriu em frases de efeito como: "Sua realidade atual ou sua vida atual é resultado dos pensamentos que você tem". Hoje, uma legião de fãs segue seus ensinamentos.

Esse mistério alardeado por Byrne não é nenhum segredo. Já faz tempo que diversos escritores têm divulgado as benesses do pensamento positivo. Um dos primeiros a falar sobre o assunto, Norman Vicent Peale, autor de O Poder do Pensamento Positivo, em 1952 já dizia: "Mude seus pensamentos e você mudará seu mundo".

Hoje, a lista de livros que ensinam a usar os poderes da mente é quilométrica. Há o médico indiano Deepak Chopra (As Sete Leis Espirituais do Sucesso), o casal de videntes Esther e Jerry Hicks (Peça e Será Atendido), a palestrante motivacional Sandra Taylor (A Ciência do Sucesso), apenas para citar alguns dos mais badalados. Outro autor conhecido é o físico Amit Goswami (O Universo Consciente), cujo livro inspirou o filme Quem Somos Nós? (2005), espécie de documentário de auto-ajuda que recorre à física quântica para falar dos potenciais da mente.

Em comum, todas essas teorias têm o fato de recorrer a argumentos científicos para afirmar que é possível fazer o cérebro funcionar a nosso favor e gerar resultados surpreendentes. No caso da física, especialmente da física quântica, os autores nos comparam o tempo todo com elétrons. Bastaria utilizar a técnica correta para colhermos os benefícios na saúde, trabalho e relacionamentos. É bom lembrar que, aos olhos da quase totalidade dos cientistas, essas teorias não fazem sentido nenhum.

Por outro lado, a todo instante, deparamos com situações que parecem mostrar o contrário. O que dizer, por exemplo, de pessoas que parecem ter descoberto a fórmula secreta do sucesso e realmente se dão muito bem em tudo o que fazem? Ou dos otimistas a quem nada parece abalar? Ou ainda daqueles que dizem ter vencido doenças graças à atitudemental positiva? Relatos não faltam. Pois bem.

Dentro deste caldeirão em que tudo parece ter o pensamento positivo como pano de fundo, você vai descobrir o que se fala a respeito, o que é fantasia, o que já foi comprovado e o que ainda permanece um mistério.


Peça, acredite e receba. Simples assim é a fórmula apresentada por Rhonda Byrne, autora de O Segredo. "No momento em que você pede alguma coisa, e acredita, e sabe que já a tem no invisível, o Universo inteiro se move para deixá-la visível", diz. No livro e no filme de mesmo nome, não faltam relatos de gente que conseguiu a cura de doenças, o amor ideal ou até um colar de diamantes como num passe de mágica. O segredo ensinado por Byrne é observar o Universo como uma lâmpada mágica - e se comportar como o Aladim. Ao esfregar a lâmpada - ou seja, ao pensar positivamente - seus desejos se materializariam.

Na base dessa afirmação, está a crença de que os pensamentos são magnéticos e emitem uma freqüência poderosa capaz de influenciar as pessoas e coisas à nossa volta. De acordo com esse raciocínio, quando você pensa positivo, entra numa freqüência positiva e atrai coisas benéficas para a sua vida - o pensar negativo, segundo Byrne, causa o efeito inverso.

O guru indiano Deepak Chopra, outro astro que ensina como usar a mente positiva em seu benefício (ele orienta celebridades como Madonna), usa outro discurso para atingir o mesmo fim, ou seja: saúde, sucesso e riqueza. Segundo ele, o corpo deve ser entendido como um campo de energia que precisa estar em equilíbrio. Suas técnicas de meditação ajudariam na tarefa de chegar lá.

São centenas de teorias para quem deseja potencializar a mente. Os autores vêm de áreas diversas, da gestão de carreiras e esportes, passando pelo espiritismo e pela psicologia. Muitos afirmam ser especialistas em "potencializar a mente" e na "transformação pessoal". Geralmente, elaboram suas teorias a partir das próprias experiências de sucesso e auto-superação. Dentro dessa babel de ensinamentos, porém, algumas idéias acabam se repetindo. É o tripé energia, magnetismo e holismo.
Física quântica para leigos

Energia, magnetismo e holismo

Para a física, de modo bem resumido, energia é a capacidade de um corpo executar um trabalho ou realizar um movimento (por exemplo, o fogo é uma fonte de energia empregada para cozinhar alimentos que, por sua vez, fornecem energia ao corpo). No caso da auto-ajuda, contudo, é bom você esquecer o que aprendeu na escola.

Energia, segundo muitos desses autores, é uma força que anima todas as coisas, uma fonte de bem-estar e amor. Com o treinamento correto, ela poderia ser direcionada para todas as finalidades, inclusive as mais cotidianas - por exemplo, receber uma promoção no trabalho, achar uma vaga na garagem do shopping e evitar os quilos extras mesmo comendo além da conta. "Quando nos distanciamos dessa energia, surgem problemas, medos, carências e doenças", diz a escritora Esther Hicks, em seu livro com o sugestivo nome Peça e Será Atendido.

O magnetismo (capacidade de alguns materiais se atraírem ou se repelirem) é outro conceito bastante apropriado pela literatura sobre pensamento positivo. A crença é que a mente atuaria como um ímã capaz de vibrar com força suficiente para atrair objetos e acontecimentos. Só que a idéia clássica da física de que pólos opostos se atraem não vale aqui. Pensamentos positivos atrairiam experiências positivas - e vice-versa.

O escritor Michael Losier ilustra com um clássico exemplo: se você acordar mal-humorado, der uma topada na cama, queimar a torrada e não controlar a raiva, irá vibrar negativamente e atrairá vários problemas para o seu dia. No livro Lei da Atração - O Segredo Colocado em Prática, ele chama essa seqüência de causas e efeitos de Lei da Atração e diz que ela "sempre se harmoniza com sua vibração, seja ela positiva, seja negativa".

Já o filme Quem Somos Nós? propagou outra idéia bastante popular: todos estamos interligados. "Você e eu somos um, há uma conexão invisível entre todas as coisas", diz o filme. Esse conceito pode ser resumido numa única palavra: holismo (do grego holos, que significa "todo"). É mais ou menos aquela frase que diz: "Uma borboleta que bate asas no Japão pode causar um tornado no Brasil".

Alguns autores dizem que a nossa mente atuaria como a borboleta. E você, leitor, adestraria esse inseto como bem entendesse. Dessa forma, seria capaz de causar benefícios em série. Por exemplo: se você quiser muito uma resposta positiva de um emprego, vai conseguir não somente o trabalho como uma excelente colocação, um aumento de salário, viagens pelo mundo inteiro e logo um grande amor com quem terá 3 filhos lindos. É um efeito dominó.


A ciência, de um modo geral, vê o assunto com desconfiança, uma vez que faltam trabalhos acadêmicos reconhecidos para comprovar que essas teorias realmente funcionam.

Em geral, os autores costumam apresentar muitos relatos de pessoas que afirmam ter tido sucesso com as técnicas de pensamento positivo - mas relatos isolados não provam nada, por mais incríveis que sejam. Existem normas que devem ser seguidas para um estudo ser levado a sério. É preciso observar o fenômeno, criar uma hipótese para explicá-lo, depois coletar dados relacionados àquilo que se estuda e, por fim, testar se a hipótese é realmente verdadeira. Esse processo pode demorar alguns anos.

O problema é que as teorias sobre o pensamento positivo costumam se apropriar de conceitos científicos para validar idéias que, como acabamos de falar, estão fora do campo da ciência. Nesse caso, a crítica mais aguda vem de áreas como a física e a neurociência. "Muitos tomam uma teoria e tentam generalizá-la para tudo", diz o neurofisiólogo Roque Magno de Oliveira, professor da UnB.

Um exemplo é o uso do conceito de energia, que passou a significar algo diferente do que diz a física. "Na verdade, essas pessoas consideram energia aquilo que eu considero empatia. Isso não tem nada a ver com física, e sim com a psicologia das relações humanas", afirma o físico Ernesto Kemp, professor do Instituto de Física da Unicamp.

A física também rejeita a badalada Lei da Atração, que diz que os pensamentos criam campos energéticos à nossa volta. "O pensamento como energia, como uma espécie de campo que age a distância, é algo que nunca foi comprovado cientificamente", explica Adilson José da Silva, professor do Instituto de Física da USP.

Ou seja, nunca ninguém detectou esse tal "campo energético". É verdade que, no cérebro humano, ocorrem estímulos elétricos o tempo todo. Mas, segundo Ernesto Kemp, os pulsos elétricos liberados durante as sinapses são tão fracos que a probabilidade de o campo eletromagnético que você está gerando com suas sinapses interagir com o de outras pessoas é nula.
O que acontece no cérebro?

Os neurocientistas, por sua vez, concordam que o estado de ânimo pode, sim, influenciar o nosso organismo de várias maneiras. Os hormônios associados ao estresse têm grande influência na consolidação da memória. Ou seja, a idéia de que pensar positivo faz bem não é absurda. "Quando estamos muito estressados, o nível dos hormônios secretados é alto e influencia negativamente esse processo", afirma o neurocientista Martin Cammarota, pesquisador do Centro de Memória da PUC de Porto Alegre.

De acordo com ele, não temos controle total sobre nosso cérebro nem sobre os processos químicos e celulares que ocorrem nele. "O ser humano é uma soma de circunstâncias. Por mais que você pense positivo, seus níveis de colesterol no sangue não vão diminuir somente em conseqüência disso", ressalta. No caso do colesterol, dieta e exercícios são algumas das circunstâncias a ser consideradas.
Mas pensar positivo funciona?
Funciona. Mas não como a maioria das pessoas gostaria. O pensamento positivo não vai engordar sua conta bancária do dia para a noite. Nem fará carros e diamantes orbitar ao seu redor. Porém, segundo várias pesquisas, uma atitude otimista pode influenciar muito a resistência do organismo às doenças.

PARA SABER MAIS

O Tao da Física
Fritjof Capra, Cultrix, 2000.

O Universo Autoconsciente
Amit Goswami, Aleph, 2007.

Como a Picaretagem Conquistou o Mundo
Francis Wheen, Record, 2007.

Imposturas Intelectuais
Alan Sokal e Jean Bricmont, Record, 1999.

Gleidson Marques Silva
Psicólogo/Psicoterapêuta
CRP 13/3886

quarta-feira, 4 de maio de 2011

A saída de casa dos jovens!!!!

Preciso sair de casa, e agora?

A vontade de sair de casa surge geralmente entre os 18 e 19 anos, e se não é bem acompanhada, pode gerar conflitos

“Morar sozinho é sinônimo de liberdade, você pode sair sem dar satisfação para
onde vai e voltar na hora que quiser”. Assim como Mariana Vilar, 17, adolescentes
sonham em sair de casa para serem donos do próprio nariz. Segundo o psicólogo
e psicoterapeuta especialista em adolescentes, Gleidson Marques, o desejo surge,
normalmente, entre os 18 e 19 anos, e advém da necessidade do jovem de se firmar
como uma pessoa livre e responsável pelos seus atos.
Ingresso na faculdade, profissionalização, intercâmbios e estudos em geral são,
de acordo com o especialista, os casos mais frequentes que levam os jovens a saírem de
casa. Ele explica que geralmente o fato desses garotos estarem em um rito de passagem
contribui para que a vontade se aguce dentro deles. “Ele está deixando a adolescência, e
por isso deseja se sentir adulto. Morando sozinho, ou com amigos, ele sabe que poderá
enfrentar isso de forma prática”, explica.
Mariana Vilar saiu de sua casa, no interior de Pernambuco, para morar em
Campina Grande em fevereiro deste ano. Após conseguir ingressar no tão sonhado
curso de Engenharia Mecânica, a garota fez as malas e foi morar em uma república
feminina. Ela e mais três garotas dividem o apartamento e as atividades domésticas, e
foram exatamente as deveres do lar que não desagradaram a garota de cara. “Em casa eu
nunca precisei fazer nada, tinha quem arrumasse, lavasse e cozinhasse para mim. Aqui
eu e outra amiga ficamos com a limpeza da casa e dos banheiros, e as outras duas são
encarregadas de cuidar das refeições”, comenta. Mas a jovem comenta que com o tempo
vem se acostumando com as novas obrigações e sabe que tudo que está passando a faz
crescer. “Tanto o ritmo da faculdade como as responsabilidades de feira e contas pra
pagar tem me ajudado a crescer, e acho que isso é muito positivo”, diz.
Novas amizades ajudam a superar saudades
Depois de um mês em Campina Grande, Mariana começou a sentir saudades
de casa e dos amigos que deixou em sua cidade. “Mesmo conversando sempre com
eles, de repente bateu uma angústia. Quando fui passar meu primeiro final de semana
lá, não queria mais voltar”, comenta. Segundo o psicólogo, sentir falta é normal, e
o amadurecimento vai ser revelado exatamente pela postura que esse jovem tiver
diante da saudade que sente. “É comum ver gente que sai e mora muito tempo fora de
casa, mas, mesmo assim, não sabe encarar as emoções e acaba voltando. Fazer novas
amizades nesse período de mudança, ajuda bastante a superar a falta”, comenta.
Mariana teve essa ajuda. Sua amiga de escola, Emylle Santos, 17, foi estudar o
mesmo curso e dividir o mesmo apartamento com ela. As duas se sentem bem por terem
esse apoio quando a saudade de casa bate. “Morar fora é uma experiência muito
positiva, mas essa adaptação é muito difícil para nós. O bom é que somos amigas aqui,
e isso ajuda bastante”, diz Emylle.
Eles não querem mais voltar
Depois que conquistam a liberdade e aprendem a viver sozinhos, dificilmente
os jovens querem voltar para o lugar de onde vieram. Sussyara Araújo, 18, mora em
Campina Grande, mas todos os finais de semana vai para sua cidade visitar os pais.
Embora se sinta a vontade em casa, ela não pretende voltar a morar com a família. “Não
quero voltar pra minha cidade. Acho que não me acostumaria mais a viver lá”, comenta.
O psicólogo explica que, para o jovem, voltar para a cidade de onde veio

geralmente representa um abalo emocional. “Ele sente, mas de forma inconsciente,
que com seu retorno está regredindo. É como se tivesse deixando para trás tudo que se
esforçou tanto para conquistar, e voltasse a ser quem ele era a quatro, cinco anos atrás”,
finalizou.

Jornalista:Rebbeca Ricarte


Gleidson Marques Silva
Psicólogo/Psicoterapêuta
CRP 13/3886

terça-feira, 3 de maio de 2011

A ARTE DE VIVER !!!!!!

Boa noire pra se refletir!!!




“ Uma pessoa realmente rebelde é aquela que não está nem a favor nem contra a sociedade, é aquela que vive a sua vida de acordo com seu próprio entendimento. Se esse entendimento está contra ou a favor da sociedade, não importa, é irrelevante. Às vezes pode estar de acordo com a sociedade, às vezes pode não estar, mas este não é o ponto a ser considerado. Essa pessoa vive conforme a sua própria compreensão, conforme sua pequena luz. E não estou dizendo que com isso ela se torna muito egoísta. Não, essa pessoa é humilde. Sabe que sua luz é pequena, mas essa é toda a luz que possui. Ela não é inflexível, é muito humilde. Diz: ‘Posso estar errada, mas, por favor, permita-me estar errada de acordo comigo mesma.’
Esta é a única maneira de aprender. Cometer erros é a única maneira de aprender. Mover-se de acordo com a própria compreensão é a única maneira de crescer e tornar-se maduro. Se você estiver sempre procurando alguém que lhe diga o que fazer, obedecer ou desobedecer não fará muita diferença. Se estiver procurando por uma pessoa que lhe diga para decidir a favor ou contra, nunca será capaz de saber o que é a vida. Ela tem que ser vivida e você terá que seguir a sua pequena luz.

Não é sempre que se tem certeza do que fazer. Se você está muito confuso, não se sinta mal com isso. Mas encontre uma maneira de sair da sua confusão. É muito fácil e barato ouvir os outros porque eles podem transmitir-lhe dogmas mortos, podem dar-lhe alguns mandamentos, faça isto, não faça aquilo. E eles estão muito certos dos seus mandamentos. Não é a certeza que deve ser buscada, mas sim a compreensão. Se você buscar a certeza, cairá em alguma armadilha. Não busque a certeza, busque a compreensão. A certeza, qualquer um pode dar-lhe. Mas na análise final você será um perdedor. Perderá sua vida só para estar seguro e certo. Mas a vida não é certa nem é segura.Vida é insegurança. Cada momento é um mover-se para uma insegurança cada vez maior. É um jogo. Nunca se sabe o que vai acontecer. E é belo que não se saiba. Se fosse previsível não valeria a pena viver. Se tudo fosse como gostaríamos, se tivéssemos certeza de tudo, não seríamos absolutamente homens, seríamos máquinas. Somente para as máquinas tudo é certo e seguro.O homem vive em liberdade. A liberdade necessita de insegurança e incerteza. Um verdadeiro homem de inteligência está sempre hesitante porque não tem nenhum dogma no qual se apoiar. Ele tem que olhar e responder .Lao Tzu diz: ‘Eu hesito e ando alerta na vida porque não sei o que vai acontecer. E não sigo nenhum princípio. Tenho que decidir a cada momento. Nunca decido de antemão. Tenho que decidir quando o momento chega.’Então, é preciso estar pronto para responder. Isto é responsabilidade. Responsabilidade não é uma obrigação, não é um dever – é a capacidade de responder. Um homem que quer saber o que é a vida tem que ser responsivo. Este homem não está existindo. Séculos de condicionamento fizeram de você uma máquina. Você perdeu a humanidade, trocou-a pela segurança. Você tem segurança e conforto e tudo foi planejado pelos outros. E eles puseram tudo no mapa, mediram tudo. E tudo é absolutamente tolice, pois a vida não pode ser medida, é imensurável. E nenhum mapa é possível porque a vida é um fluxo constante. Tudo está mudando. Nada é permanente, exceto a mudança. Heráclito diz: ‘Não se pode pisar duas vezes no mesmo rio.’
E os caminhos da vida são tortuosos. Não são como os trilhos de uma estrada de ferro. Não, a vida não corre em trilhos. E essa é a sua beleza, a sua glória, a sua poesia, a sua música – é sempre uma surpresa.

Se você estiver buscando segurança e certeza, os seus olhos se fecharão. E cada vez vocêse surpreenderá menos, e perderá a capacidade de se maravilhar, terá perdido a religião. Religião é a abertura de um coração maravilhado, é a receptividade para o mistério que nos circunda. Não busque segurança, não busque conselhos para viver a vida. As pessoas que me procuram e dizem, ‘Osho, como devemos viver nossas vidas?’, não estão interessadas em saber o que é a vida. Estão interessadas em estabelecer um padrão fixo. Estão mais interessadas em matar a vida do que em vivê-la. Querem que uma disciplina lhes seja imposta.


Portanto, não pergunte a ninguém como viver a vida. Viva-a".

OSHO – The Art of Dying

Fonte : Osho Brasil - www.oshobrasil.com.br

Gleidson Marques Silva
Psicólogo/Psicoterapêuta
CRP 13/3886

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Ciúme Patológico!!!

Em questões de ciúme, a linha divisória entre imaginação, fantasia, crença e certeza freqüentemente se torna vaga e imprecisa. No ciúme as dúvidas podem se transformar em idéias supervalorizadas ou francamente delirantes. Depois das idéias de ciúme, a pessoa é compelida à verificação compulsória de suas dúvidas. O(a) ciumento(a) verifica se a pessoa está onde e com quem disse que estaria, abre correspondências, ouve telefonemas, examina bolsos, bolsas, carteiras, recibos, roupas íntimas, segue o companheiro(a), contrata detetives particulares, etc. Toda essa tentativa de aliviar sentimentos, além de reconhecidamente ridícula até pelo próprio ciumento, não ameniza o mal estar da dúvida.

Entre absurdos e ridículos, há o caso de uma paciente portadora de Ciúme Patológico que marcava o pênis do marido assinando-o no início do dia com uma caneta e verificava a marca desse sinal no final do dia (Wright, 1994). Mais absurda ainda é a história de outro paciente, com ciúme obsessivo, que chegava a examinar as fezes da namorada, procurando possíveis restos de bilhetes engolidos (Torres, 1999).

Os ciumentos estão em constante busca de evidências e confissões que confirmem suas suspeitas mas, ainda que confirmadas pelo(a) companheiro(a), essas inquisições permanentes parecem trazer mais dúvidas ainda, ao invés de tranqüilidade. Depois da capitulação, a confissão do companheiro(a) nunca é suficientemente detalhada ou fidedigna e tudo volta à torturante inquisição anterior.

Os portadores de Ciúme Patológico comumente realizam visitas ou telefonemas de surpresa em casa ou no trabalho para confirmar suas suspeitas. Os companheiros(as) desses pacientes vivem ocultando e dissimulando elogios e presentes recebidos ou omitindo fatos e informações na tentativa de minimizar os graves problemas de ciúme, mas geralmente agravam ainda mais.


O que aparece no Ciúme Patológico é um grande desejo de controle total sobre os sentimentos e comportamentos do companheiro(a). Há ainda preocupações excessivas sobre relacionamentos anteriores, as quais podem ocorrer como pensamentos repetitivos, imagens intrusivas e ruminações sem fim sobre fatos passados e seus detalhes.

O Ciúme Patológico é um problema importante para a psiquiatria, envolvendo riscos e sofrimentos. Na psicopatologia o ciúme pode se relacionar a diversos transtornos emocionais. Mais comumente está relacionado aos Transtornos do Espectro Obsessivo-Compulsivo. Ha autores que diferenciam o Ciúme Patológico do Ciúme Delirante.

De fato, o Ciúme Delirante está relacionado ao Transtorno Delirante Persistente e pode ser conhecido por Amor Obsessivo. Esse tipo de Transtorno Delirante Persistente, apesar de bem conhecido é raro, com incidência estimada em menos de 0,1% (Bogerts, 2005) e predomina em mulheres. Outro quadro onde a presença de Ciúme Patológico é constante é o alcoolismo crônico, bem como nas dependências químicas (Jiménez-Arriero, 2007).

Ciúme - conceito
O ciúme é uma emoção humana extremamente comum, senão universal, podendo ser difícil a distinção entre ciúme normal e patológico (Kast, 1991). Na verdade, pouco se sabe sobre experiências e comportamentos associados ao ciúme na população geral, mas em um estudo populacional, todos os entrevistados (100%) responderam positivamente a uma pergunta indicativa de ciúme, embora menos de 10% reconheceu que este sentimento acarretava problemas no relacionamento (Mullen, 1994).

O ciúme pode ser um conjunto de emoções desencadeadas por sentimentos de alguma ameaça à estabilidade ou qualidade de um relacionamento íntimo valorizado. As definições de ciúme são muitas, tendo em comum três elementos:
1) ser uma reação frente a uma ameaça percebida;
2) haver um rival real ou imaginário e;
3) a reação visa eliminar os riscos da perda do objeto amado.

A maneira como o ciúme é visto tem variações importantes nas diferentes culturas e épocas. Assim, no século XIV relacionava-se à paixão, devoção e zelo, à necessidade de preservar algo importante, sem conotações pejorativas de possessividade e desconfiança.

Nas sociedades monogâmicas o ciúme se associa à honra e moral, sendo até um instrumento de proteção da família, talvez um imperativo biológico ou uma adaptação à necessidade de ciência da paternidade. Até bem pouco tempo atrás, dava-se grande ênfase à fidelidade feminina, enquanto a infidelidade masculina era mais bem aceita. Mesmo em tempos modernos, atribui-se um papel positivo a alguma manifestação ciúme, considerando-o um sinal de amor e cuidado.

O conceito de Ciúme Patológico compreende vários sentimentos perturbadores, desproporcionais e absurdos, os quais determinam comportamentos inaceitáveis ou bizarros. Esses sentimentos envolveriam um medo desproporcional de perder o parceiro(a) para um(a) rival, desconfiança excessiva e infundada, gerando significativo prejuízo no relacionamento interpessoal.

Alguns autores não consideram fundamental para o diagnóstico a crença superestimada da infidelidade, sendo mais importante o medo da perda do outro, ou do espaço afetivo ocupado na vida deste, para outros a base do Ciúme Patológico estaria em seu aspecto absurdo, na sua irracionalidade, e não em seu caráter excessivo (Mooney, 1965).

Em psiquiatria o Ciúme Patológico aparece como sintoma de diversos quadros, desde nos Transtornos de Personalidade até em doenças francas. Enquanto o ciúme normal seria transitório, específico e baseado em fatos reais, o Ciúme Patológico aparece como uma preocupação infundada, absurda e emancipada do contexto. Enquanto no ciúme não-patológico o maior desejo é preservar o relacionamento, no Ciúme Patológico haveria o desejo inconsciente da ameaça de um rival (Kast, 1991).

Por ser uma emoção heterogêneas variando da normalidade à patologia, o ciúme oferece dificuldades em distinguí-lo como normal ou mórbido. Marazzini (2003) aplicou um questionário a 400 estudantes universitários de ambos os sexos e, igualmente, para 14 pacientes portadores de Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC), cuja principal obsessão era ciúme. Duzentos e quarenta e cinco, aproximadamente 61% dos questionários, foram devolvidos. As análises estatísticas revelaram que os pacientes com TOC tinham pontuações totais bem mais elevados do que as pessoas saudáveis.

Além disso, foi possível identificar um grupo intermédio de pessoas, o que corresponde a 10% do total, que estavam preocupados reflexões de ciúme em torno do(a) parceiro(a). A conclusão do estudo mostrou que 10% de uma população de estudantes universitários, embora psiquiatricamente fossem considerados normais, tem acentuadas reflexões de ciúme em torno do(a) parceiro(a). Essa pesquisa permitiu distinguir claramente o grupo de ciúme acentuado, os pacientes com TOC e as pessoas saudáveis, sem esse tipo de preocupação.
No Ciúme Patológico várias emoções são experimentadas, tais como a ansiedade, depressão, raiva, vergonha, insegurança, humilhação, perplexidade, culpa, aumento do desejo sexual e desejo de vingança. Haveria, clara correlação entre auto-estima rebaixada, conseqüentemente a sensação de insegurança e, finalmente o ciúme. O portador de Ciúme Patológico é um vulcão emocional sempre prestes à erupção e apresenta um modo distorcido de vivenciar o amor, para ele um sentimento depreciativo e doentio.

Esses pacientes, com Ciúme Patológico, seriam extremamente sensíveis, vulneráveis e muito desconfiados, com auto-estima muito rebaixada e tendo como defesa um comportamento impulsivo, egoísta e agressivo. O potencial para atitudes violentas é destacado no Ciúme Patológico, despertando importante interesse na psiquiatria forense.

As estatísticas policiais sobre as vítimas do Ciúme Patológico normalmente estão distorcidas, tendo em vista o fato das mulheres raramente darem queixa das agressões que sofrem por esse motivo. O Ciúme Patológico pode até motivar homicídios e muitas dessas pessoas sequer chegam aos serviços médicos. Para Palermo (1997), a maioria dos homicídios seguidos de suicídio são crimes de paixão, ou seja, relacionados à idéias delirantes de Ciúme Patológico. São, geralmente, crimes cometidos por homens com algum problema psicoemocional, desde transtornos de personalidade, alcoolismo, drogas, depressão, obsessão, até a franca esquizofrenia.


Ciúme e Doença Mental
Na prática clínica, diante da pessoa com preocupações de ciúme é importante avaliar a proporção, adequação, racionalidade e eventual carater delirante dessas preocupações, assim como o grau de sofrimento que acarretam. O grau sofrimento costuma ser diretamente proporcional ao caráter patológico. Não raro, atualmente, as preocupações com fidelidade não chegam a ser absurdas e muitas vezes são bastante compreensíveis.

A seguir, deve-se buscar um entendimento psicopatológico do sintoma, diferenciar se o fenômeno se trata de uma idéia obsessiva, prevalente ou delirante. Nesse sentido, é fundamental avaliar o grau de crítica do indivíduo em relação a essas preocupações. Como se sabe, uma pessoa pode estar delirante, ainda que o cônjuge de fato o(a) esteja traindo. Isso ocorre quando a crença na infidelidade for baseada em fatos ou atitudes que em nada a justifiquem, e se for inabalável e irremovível pela crítica racional.

O terceiro aspecto seria a busca do diagnóstico responsável pelo sintoma, o qual, como dissemos, pode se tratar de uma obsessão, idéia prevalente ou delírio. Nunca é demais ressaltar que, da mesma forma que a ocorrência de delírios não implica nenhum diagnóstico específico, obsessões e compulsões não são sintomas característicos e exclusivos do Transtorno Obsessivo-Compulsivo.

As obsessões podem acompanhar outros quadros psiquiátricos como, principalmente as depressões, demências e esquizofrenias. Sintomas depressivos podem ainda ser co-mórbidos e secundários ao Transtorno Obsessivo-Compulsivo, o que ocorre com muita freqüência, dificultando o diagnóstico diferencial.

Além da análise dos sintomas, investigando a natureza da preocupação de ciúme e a força dessa crença, é fundamental avaliar também se o sofrimento gerado, tanto para o indivíduo quanto para o(a) companheiro(a), o grau de comprometimento do trabalho, da vida conjugal, do laser e da vida social, é necessário avaliar ainda o risco de atos violentos e a qualidade global do relacionamento.

Deve-se ainda considerar os fatores de predisposição emocional, como por exemplo, os sentimentos de inferioridade e insegurança, os transtornos psicológicos atuais ou anteriores, as experiências passadas de separação ou traição, traumas de relacionamento dos pais. Os fatores precipitantes também merecem atenção, como é o caso do estresse atual, das perdas, mudanças e comportamentos provocativos do cônjuge. É sempre necessária uma avaliação cuidadosa e global em cada caso em particular.

A relação do Ciúme Patológico com Transtornos do Espectro Obsessivo-Compulsivo parece clara (Zacher, 2004 ). O Ciúme Patológico pode tornar a vida insuportável para todos envolvidos. A afinidade do Ciúme Patológico para com os Transtornos do Espectro Obsessivo-Compulsivo deu origem à idéia de que poderia responder ao tratamento com substâncias utilizadas também no tratamento de Transtornos Obsessivo-Compulsivo.

De fato, é grande o número de pacientes com Ciúme Patológico que respondem bem ao tratamento com antidepressivos inibidores seletivos da serotonina (ISRS). O tratamento com esses antidepressivos melhora a preocupação exagerada do ciúme e alivia a angústia do ciúme patológico do paciente. Com base nessas constatações, a fluoxetina - como também outros ISRSs - deve ser sempre considerada como uma possível estratégia eficaz para o tratamento farmacológico do Ciúme Patológico (Zacher, 2004 ).
O Ciúme Patológico pode coexistir com qualquer diagnóstico psiquiátrico. Entre pacientes psiquiátricos internados os delírios de ciúme foram encontrados em 1,1 % deles. As prevalências diagnósticas foram as seguintes: psicoses orgânicas em 7%, transtornos delirantes paranóides em 6,7%, psicoses alcoólicas em 5,6% e esquizofrenias em 2,5% (Soyka, 1995).

Em pacientes ambulatoriais o Ciúme Patológico relaciona-se em grande parte a quadros depressivos, ansiosos e obsessivos. A maciça maioria dos portadores de Ciúme Patológico, entretanto, não está dentro dos hospitais e nem nos ambulatórios (Shepherd, 1961).

São bastante conhecidos os delírios de ciúme de alcoolistas, a ponto desse sintoma ser considerado, durante algum tempo e por alguns autores, característico do alcoolismo. Destacava-se a impotência sexual proveniente do alcoolismo como importante fator no desenvolvimento de idéias de infidelidade, relacionadas a sentimentos de inferioridade e rejeição.

Nas mulheres, fases de menor interesse sexual ou atratividade física, como ocorre na gravidez e menopausa, produziriam redução da auto-estima, aumentando a insegurança e a ocorrência do Ciúme Patológico.

A prevalência do Ciúme Patológico no Alcoolismo gira em torno de 34% (Michael, 1995). A evolução comum do Ciúme Patológico como sintoma do alcoolismo, pode ser, inicialmente, apenas durante a intoxicação alcoólica e, posteriormente, também nos períodos de sobriedade.

Na Esquizofrenia, a prevalência do Ciúme Patológico com características delirantes em pacientes internados costuma ser de apenas 1 a 2,5%. Seria bem mais freqüente em transtornos demenciais e em quadros depressivos do que na esquizofrenia (Soyka, 1995). No Transtorno Paranóide, os delírios de ciúme costumam aparecer em 16% deles (Shaji, 1991).

Pode-se ainda ter o delírio de ciúme bem sistematizado em sua forma pura, sem alucinações ou deterioração da personalidade, numa apresentação monossintomática. Este quadro atualmente denominado Transtorno Delirante de Ciúme, seria bem mais raro.


DSM.IV - Critérios Diagnósticos para Transtorno Delirante (F22.0 - 297.1), onde se inclui o Transtorno Delirante de Ciúme seriam:

A. Delírios não-bizarros que envolvem situações da vida real, tais como ser seguido, envenenado, infectado, amado a distância, traído por cônjuge ou parceiro romântico ou ter uma doença com duração mínima de 1 mês.
B. O critério A para Esquizofrenia não é satisfeito.
Nota: alucinações táteis e olfativas podem estar presentes no Transtorno Delirante, se relacionadas ao tema dos delírios.
C. Exceto pelo impacto do(s) delírio(s) ou de suas ramificações, o funcionamento sócio-ocupacional não está acentuadamente prejudicado, e o comportamento não é visivelmente esquisito ou bizarro.
D. Se episódios de humor ocorreram durante os delírios, sua duração total foi breve relativamente à duração dos períodos delirantes.
E. A perturbação não se deve aos efeitos fisiológicos diretos de uma substância, como por exemplo, uma droga de abuso, um medicamento ou não se deve à uma condição médica geral (onde se exclui o ciúme do alcoolista).
Especificar tipo (os tipos seguintes são atribuídos com base no tema predominante do(s) delírio(s):
Tipo Erotomaníaco: delírios de que outra pessoa, geralmente de situação mais elevada, está apaixonada pelo indivíduo.
Tipo Grandioso: delírios de grande valor, poder, conhecimento, identidade ou de relação especial com uma divindade ou pessoa famosa.
Tipo Ciumento: delírios de que o parceiro sexual do indivíduo é infiel.
Tipo Persecutório: delírios de que o indivíduo ou alguém chegado a ele está sendo, de algum modo, maldosamente tratado (grifo meu).
Tipo Somático: delírios de que a pessoa tem algum defeito físico ou condição médica geral.
Tipo Misto: delírios característicos de mais de um dos tipos acima, sem predomínio de nenhum deles.
Tipo Inespecífico.



Há vários anos suspeita-se que o Transtorno Obsessivo-Compulsivo poderia se manifestar como Ciúme Patológico. Nesse caso os pensamentos atrelados ao Ciúme Patológico seriam indistinguíveis dos pensamentos obsessivos. Os pensamentos de ciúme seriam ruminações e as buscas por evidências da infidelidade, rituais compulsivos de verificação.

Muitos pacientes teriam crítica e constrangimento por esses pensamentos e se esforçariam para afastá-los. Albina torres et al citam a famosa frase de Barthes em Fragmentos de um discurso amoroso: "Como homem ciumento eu sofro quatro vezes: por ser ciumento, por me culpar por ser assim, por temer que meu ciúme prejudique o outro, por me deixar levar por uma banalidade; eu sofro por ser excluído, por ser agressivo, por ser louco e por ser comum"(Torres, 1999).

De algum tempo para cá, vários autores têm sugerido a relação entre Ciúme Patológico e Transtornos Obsessivo-Compulsivos (Shepherd, 1961). Desta forma, pensamentos de ciúme podem ser vivenciados como excessivos, irracionais ou intrusivos e podem levar a comportamentos compulsivos, tais como os de verificação compulsiva. Ao se considerar os tipos Ciúme Patológico, podemos observar que, enquanto no Ciúme Delirante o paciente está solidamente convencido da traição, no Ciúme Obsessivo ele sentirá dúvidas e ruminações sobre provas inconclusivas, em que certeza e incerteza, raiva e remorso alternam-se a cada momento.

É importante ressaltar que em estudos sobre TOC, o tema do Ciúme Patológico é pouco abordado, possivelmente por não ser um sintoma muito típico, e em trabalhos que estudam o Ciúme Patológico em geral, sua apresentação como uma manifestação sintomatológica do TOC também é pouco enfatizada, talvez por não estar entre os sintomas mais freqüentes.

Sob vários aspectos constata-se que os pensamentos de ciúme partilham várias características com os pensamentos das obsessões: são freqüentemente intrusivos, indesejados, desagradáveis e por vezes considerados irracionais, em geral acompanhados de atos de verificação ou busca de reasseguramento. Os indivíduos que avaliam suas atitudes como inadequadas ou injustificadas teriam mais sentimentos de culpa e depressão, enquanto os demais apresentariam mais raiva e comportamentos violentos.

Os pensamentos ou ruminações obsessivas de ciúme diferem das suspeitas de ciúme na medida em que são facilmente reconhecidos pelo paciente como ego distônicos, ou seja, irracionais e associados à resistência e culpa, enquanto as preocupações mórbidas são sintônicas, consistentes com o estilo de vida e centradas em problemas realísticos do indivíduo, raramente resistidas e só algumas vezes associadas à culpa.

Assim, nos pacientes obsessivos as preocupações de ciúme tipicamente envolvem maior preservação da crítica, mais vergonha, culpa e sintomas depressivos, menor agressividade expressa e muitas ruminações e rituais de verificação sobre acontecimentos passados. De fato, há casos em que predominam comportamentos relacionados à depressão, tais como: retraimento, dependência e maior demanda por demonstrações afetivas, por vezes alternados com raiva, ameaças e agressões.

O ciúme considerado normal dá-se num contexto interpessoal, entre o sujeito e o objeto, enquanto o ciúme no Transtorno Obsessivo-Compulsivo seria intrapessoal, só dentro do sujeito. O ciúme normal envolveria sempre duas pessoas, e os pacientes melhorariam quando sem relacionamentos amorosos (Parker e Barret, 1997).

No Ciúme Patológico o amor do outro é sempre questionado e o medo da perda é continuado, enquanto no amor normal (ou ideal) o medo não é prevalente e o amor não é questionado. No Transtorno Obsessivo-Compulsivo há sempre dúvida patológica com verificações repetidas, mesmo fenômeno que se observa no Ciúme Patológico. O medo da perda é também um sintoma proeminente no TOC, tanto quanto no Ciúme Patológico. Neste, a perda do ser amado não diz respeito à perda pela morte, como ocorre num relacionamento normal, mas o temor maior, o sofrimento mais assustador é a perda para outro(a).


Segundo o DSM.IV, as Obsessões, seriam definidas por:

(1) pensamentos, impulsos ou imagens recorrentes e persistentes que, em algum momento durante a perturbação, são experimentados como intrusivos e inadequados e causam acentuada ansiedade ou sofrimento.
(2) os pensamentos, impulsos ou imagens não são meras preocupações excessivas com problemas da vida real.
(3) a pessoa tenta ignorar ou suprimir tais pensamentos, impulsos ou imagens, ou neutralizá-los com algum outro pensamento ou ação.
(4) a pessoa reconhece que os pensamentos, impulsos ou imagens obsessivas são produto de sua própria mente (não impostos a partir de fora, como na inserção de pensamentos).



A ausência do termo ciúme nesses critérios seria o maior responsável pela relutância de muitos autores em diagnosticar o TOC em casos cuja apresentação é centrada em preocupações de infidelidade. Apesar de haver temas de idéias obsessivas mais freqüentes no TOC, as possibilidades de conteúdos obsessivos e rituais compulsivos são infindáveis. Não há também nenhuma regra proibindo as idéias obsessivas de envolverem o tema ciúme com a mesma força que envolve a contaminação, sujeira, doença, etc.

Devido a essa resistência em se considerar o Ciúme Patológico como um Transtorno Obsessivo-Compulsivo normal com a diferença única no tema da idéia obsessiva, existem termos variantes do TOC, tais como Ciúme Obsessivo, Ciúme Obsessivo-Suspeitoso, forma Obsessivo-Compulsiva de Ciúme Patológico ou Ciúme com Características Obsessivas, evitando-se falar diretamente em Transtorno Obsessivo-Compulsivo. Talvez pelo tema ciúme ter forte natureza paranóide, a aproximação mais natural do transtorno seria com idéias delirantes e quadros tradicionalmente psicóticos.


Gleidson Marques Siva
Psicólogo/Psicoterapêuta
CRP 13/3886


Para referir:
Ballone GJ, Moura EC - Ciúme Patológico
Torres AR, Ramos-Cerqueira ATA, Dias RS. - O ciúme enquanto sintoma do transtorno obsessivo-compulsivo. Ver. Bras. Psiquiatria 1999;21:3 158-73